Uma tatuadora em Curitiba está fazendo um trabalho lindo: Tatuagens que escondem a violência contra a mulher.
Esse assunto ficou muito tempo encoberto, debaixo dos panos, sem que a gente tocasse nele. Afinal, ele abre mexe com muitas feridas, traz à luz um diálogo delicado, que muitas pessoas não querem ter.
Mas em tempos de busca por igualdade dos gêneros, ele é inevitável. Nossa sociedade tem gritado e, as mulheres, clamado por uma sociedade mais igualitária, sem violência contra elas, simplesmente por serem mulheres.
Todos os dias são inúmeras situações de agressão, estupro, assassinato. E milhares de casos semelhantes acontecem todos os dias com as pessoas mais próximas de nós e nem temos ciência. Tanto porque elas escondem, se sentem envergonhadas, sujas, causadoras daquela situação.
Uma tatuadora de Curitiba vem desenvolvendo um trabalho lindo com vítimas dessas agressões.
Ela começou a cobrir as cicatrizes horrorosas que a violência física causa em mulheres. O primeiro caso foi de uma mulher que foi esfaqueada na barriga em uma boate por ter gentilmente se negado a ficar com um rapaz por duas vezes. “Ele a abordou duas vezes pedindo para ficarem juntos e ela recusou educadamente. Foi quando ele a golpeou com um canivete”, lembrou Flávia, a tatuadora.
“Fiquei sensibilizada com a emoção dela e quis fazer algo por mulheres que passam por situações semelhantes”. Daí surgiu o projeto Flor da Pele, divulgado pela Secretaria da Mulher da Prefeitura de Curitiba. Outras mulheres vítimas desses crimes têm buscado a tatuagem como forma de esconder as cicatrizes.
Várias enviam emails diários para a tatuadora contando os seus dramas, suas experiências com todo tipo de violência. “Com o projeto, além de beneficiar as vítimas e melhorar a autoestima delas, quero levantar nas pessoas a discussão da impunidade de agressores a mulheres”, afirma Flávia.
Aquelas que já se tatuaram agora vão à praia, usam roupas que antes não usavam, não têm tanta vergonha.
Talvez não exista tatuagem que possa cobrir as cicatrizes na alma, mas cobrir as físicas é uma iniciativa que pode amenizar a dor do coração.
É um desafio para a nossa sociedade, tão machista, acostumada com a violência. Desde uma cantada na rua às marcas no corpo. Tudo é violência, tudo é intolerável.
Talvez o assunto cause dor, inclusive às minhas leitoras. E por isso seja até mesmo evitado. Mas está na hora de começarmos a conversar mais sobre esse assunto.
Vem comigo?
*Fonte da entrevista: MdeMulher
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